Quase 600 pessoas vão as urnas votar para “prefeito e vereador” na Comunidade de Cordeiro – Eleição de brincadeira

A eleição não passa de uma brincadeira, embora tenha campanha de 90 dias com comícios, promessas, santinhos, voto secreto, fiscais, juiz eleitoral e outros itens que ocorrem numa eleição oficial.

Justo (13) foi eleito pelo PJN com a frente de 41 votos sobre Leôncio (11)Uma eleição atípica e fora de época, em forma de brincadeira, movimentou a pequena Comunidade de Vila Cordeiro, distante 1 km da sede de Salgadália, município de Conceição do Coité das 08h as 17h deste domingo (13). Esta é segunda vez que os moradores da região organizam este tipo de evento que acontece a cada quatro anos, um ano antes das eleições que escolhem os prefeitos e vereadores de forma oficial.

A eleição que aconteceu em Vila Cordeiro “elegeu”  prefeito, vice  e vereadores, porém de brincadeira, prevalecendo à amizade e motivo de para realizar uma festa dançante de congraçamento que terminou nas primeiras horas de segunda-feira (14), segundo Jussiene Ferreira Cordeiro, uma das mesárias e organizadora da festa.

Leôncio (E) ja havia sido eleito “prefeito” e enfrentou Justo que foi “eleito” vereador na ultima eleição. Disputaram o pleito Leôncio Ferreira de Oliveira pelo PLG, que significa Partido de Leôncio e Guido, que era o vice-prefeito e tinham o número 11 como indicador na chapa e PJN (Partido de Justo e Neguinho) com o número 13 . O PLG apresentou 05 candidatos a vereador e PJN, 11, sendo eleitos 02 pelo PJN e 06 pelo PLG.

Por  se tratar de uma comunidade extremamente rural, os dois candidatos escolheram a nomes de aves da caatinga para apelidar seus grupos políticos, ou seja, Leôncio disse que era o Carcará e Justo, Pica-pau. Abraçados e bem humorado, os dois prometeram aos seus eleitores aquilo que eles sonham que os políticos de verdade façam pela sua comunidade.

Leôncio disse que iria montar a comunidade com uma boa infraestrutura, calçando todas 04 ruas da comunidade e a avenida que liga até a Rua da Vitória em Salgadália. Justo jurou que faria uma maternidade e um posto de saúde com muitas especialidades, para o povo não sofrer na estrada até Coité, encara as filas para conseguir vaga para atendimento e não ficar pedindo favor aos políticos quando necessitar de carros e depois serem cobrados os votos.

As propostas foram analisadas por 569 moradores, haviam 600 cédulas impressas com os nomes do candidatos a prefeito e vereadores. Ao final da votação, depois de apurado,  Justo (13) levou a melhor, vencendo as eleições com uma diferença de 41 votos. Foram 250 votos contra 209. Teve ainda  86 em branco e 24 nulos. Para vereador foram eleitos Cacau de Zelinho (59 votos), João de Nico (48 votos), Edilson da Vila (42 votos), Gilmara (38 votos), Bitoco da Ipiranga (32 votos), Tonho de Vita (31 votos), Bebeto (27 votos) e Zé Mutuca (25 votos).

Brincadeiras a parte, a professora aposentada Joselita Ferreira Cordeiro, 66 anos, uma das primeiras moradoras, lamentou ao falar para o CN o abandono desta comunidade habitada exclusivamente por agricultores familiares. Ela contou que a Vila Cordeiro nasceu da revolta do seu marido José Cordeiro, conhecido Zelinho de um político local que estaria doando lotes de terra às famílias carentes e depois de criar expectativa e não honrar a palavra resolveu, mesmo sem ser político, fazer as doações.

Desde a primeira doação há 34 anos, já foram beneficiadas mais de cem famílias e Zezinho, como é conhecido, construiu uma casa na comunidade e foi morar com os dez filhos. “Doamos inicialmente cinquenta e depois abrimos mais lotes e hoje estão todos vivendo aqui perto da gente”, contou a professora Joselita.

Em Vila Cordeiro tem um templo da Igreja Assembleia de Deus, mercadinhos, bares e cultua outras religiões, mesmo sem sede das igrejas. A maior revolta da professora aposentada foi o fechamento da única escola na gestão do ex-prefeito Éwerton Rios e atualmente as crianças têm que irem para Salgadália. “A escola foi fechada, mas a Prefeitura comprou um terreno dizendo que ia construir e até agora nada”, desabafou “Dona” Joselita.
Um das filhas de Joselita, Juciene buscou na perseguição política a justificativa para o fechamento da única escola, pois não tinha prédio próprio e a uma casa com estrutura para lecionar era de propriedade de sua mãe que pertencia a um partido contrário a gestão da época.

Durante a campanha foram distribuidos santinhos para os eleitores. Outro sonho dos moradores da comunidade é o calçamento que Leôncio queria fazer. “Aqui quando é tempo de verão é muita poeira e não fica casa limpa e se chove como hoje, é muita lama e também não fica casa limpa”, falou Maria José Alves, uma das moradoras da Comunidade.

Mesmo com os números que aparentam polarizar a eleição municipal do próximo ano em Conceição do Coité, o evento foi montado pelos moradores sem interferência dos políticos militantes no município.

 

 

Por: Valdemí de Assis / fotos: Raimundo Mascarenhas

Fonte: www.calilanoticias.com.br

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